sábado, 17 de fevereiro de 2024

20ª Parashá – Tetzavé - תְּצַוֶּ֣ה


Comandarás
Parashá: Êxodo, 27:20-30:10
Haftaráh: Yehezequél, 43:10-27
Resumo da Parashá

O significado desta palavra é "ordenarás" do hebraico וְאַתָּ֞ה תְּצַוֶּ֣ה veatá tetzavé, e tu ordenarás, comandarás, é assim que o Eterno dirige-se a Moshê, para que dê as ordens com as instruções a serem seguidas quanto às vestes do sumo-pontífice, e do colégio de sacerdotes do templo. Mas a primeira ordem é mais específica, não é para vestes ainda, mas para o Azeite, pede o Eterno que tragam azeite puro e macerado saído da primeira pressão para iluminar a Menorá, que é o candelabro sagrado que estava dentro do templo junto ao Santo dos Santos. E continua a ordenar dizendo que Aarão, com a tiara, a lamina da santidade, o peitoral , o efod, a túnica, o cinto, as calças e o manto, e também roupas sacerdotais para os seus filhos dentro dos filhos de Israel, e tudo isto para que sirvam ao eterno e ao povo, para o efeito, ordena que sejam feitas também vestes sacerdotais compostas de Mitra, túnica e cinto.

O Efod, o Peitoral o as Doze Pedras para as Doze Tribos

No Peitoral, também denominado hoshen חֹשֶׁן: "couraça", o Eterno ordenara que fossem incrustadas quatro fileiras de 3 pedras, uma para cada tribo dos filhos de Israel, esmeralda para Levi, topázio para Shimon,  rubi para Rúben, diamante para Zebulon, safira para Issacar, carbúnculo para Judá, ametista para Gad, ágata para Naftali, opala para Dan, jaspe para Benyiamin, ónix para Yiossef e crisólita para Asher. Em cada pedra fora gravado o nome de cada uma das doze tribos dos filhos de Israel, o peitoral era colocado por cima do efod que equivale a um avental. Na manto do Sumo-sacerdote (meil) foram colocados sininhos (paamonim) com badalo (inbal) e romãs (rimonim), para que a sua presença fosse escutada dentro do Santo dos Santos.

A Consagração do Sumo Pontífice e dos sacerdotes

Para além destas ordenanças sobre azeite, candelabro, vestes e pedras preciosas, o Eterno ordena uma consagração de sete dias para Aarão e os seus filhos, para o seu serviço junto ao מִשְׁכַּן Miskan, ou seja, o tabernáculo recém construído, e era a Moshê a quem cabia a tarefa da consagração, pois era a pessoa que recebia as ordens de HaShem. A Parashá termina também com as instruções dos holocaustos para a purificação dos pecados, com novilhos, os cordeiros os pães e as bolachas da propiciação, bem como todos os utensílios necessários incluindo o altar da queima dos incensos de acácia, o altar da queima dos sacrifícios.

Interpretação da Parashá

Esta parashá é muito interessante na medida em que relata a importância da santidade em diferentes níveis, a consagração do Miskan que já havia ocorrido, passa nestes capítulos para a consagração do candelabro, das vestes pontifícias e sacerdotais, a consagração dos utensílios para os holocaustos e do perdão, bem como a consagração do próprio sumo sacerdote e dos restantes sacerdotes. Ou seja, começa pela definição do que é sacro e santo para o que é o modo de consagrar e santificar, desde o templo até as pessoas, e através delas todo o povo de Israel. Um dos aspetos importantes do solo sagrado do Miskan é o facto de os sacerdotes andarem completamente descalços, os pés teriam que esta em contacto direto com o chão.

Vamos à questão do azeite macerado, são na verdade as primícias da produção do azeite, as primeiras gotas, o mais puro azeite, e ao ter que ser este azeite a dar ao Templo, significa que é D-uz que tem que estar em primeiro lugar em todo o lugar e a todo o momento. E é este azeite puro que gera a iluminação da Menorá sagrada, que não apenas simboliza a presença de HaShem dentro do templo, mas também a Luz do Eterno que ilumina o mundo inteiro a partir da Torá e do judaísmo.

Mas há uma mensagem subliminar nesta porção da Torá, é que o nome de Moisés não é mencionado uma única vez, e a que se deve isto? Sabios afirmam que na Parashá anterior, Moshê havia pedido a HaShem que se o povo judeu fosse castigado pelo seu pecado, então que o seu nome (Moshê) fosse apagado e retirado, embora não tivesse havido o tal castigo, o nome de Moshê não aparece nesta parashá para lembrar a declaração de Moisés, mas há mais informação nesta omissão intencional, e isto ensina que o nome não é tudo, apesar de que os nomes têm significados, não são os nomes que nos definem como pessoas, não são os nossos nomes que moldam o nosso caráter, mas sim a nossa alma, o nosso espírito.

Quando morrermos o que irá connosco não será um nome, nem uma aparência física, o espírito volta para HaShem porque emana do seu sopro, e o corpo volta à Terra de onde veio o pó da argila com que foi feito, esta passagem mostra na omissão do nome de Moisés, que o importante não era o seu nome, mas o cumprimento da sua missão, da missão que lhe havia sido confiada por D-us. Assim somos todos nós através desta Parashã, temos de nos encontrar aqui, no caminho das primícias para herdarmos a luz que não se apaga e perseguir insistentemente a santificação pessoal, comunitária e do mundo, para transformar cada vez mais o mundo atual num lugar onde haja espaço para a morada de D-us. Há uma lenda que diz que um homem perguntou a um menino onde mora D-us, e o menino respondeu: D-us mora em todos os corações que se abrem para o acolher". Esta é a resposta, esta é a nossa missão, este é o mandamento que D-us nos ordenou.

HAFTARÁ: EZEQUIEL 43:10-27
VeAtá Ben-Adam  E tu filho do Homem (Ser-Humano)

Nesta haftará de Ezequiel pode-se ler claramente: Tu filho do homem relata à casa de Israel a construção do Templo, para que se envergonhe das suas iniquidades e meça o modelo. Para se envergonharem de tudo  quanto têm feito, faze-lhes saber a forma da casa, as suas acomodações, as suas saídas e entradas, as formas dos quartos e a função de cada aposento e divisão, bem como dos ornamentos, utensílios, os lugares para o povo e os espaços dos sacerdotes, escreve pois isto perante todos eles a fim de que guardem todas as ordens e instruções e as observem fielmente.  Esta é pois a Lei do Templo

E a Haftará continua até concluir as oferendas, sendo claramente uma corroboração e confirmação do texto da Parashá de Tetzavé. Mas não apenas se trata de uma repetição do que na Torá foi escrito e prescrito, mas antes, de uma mensagem de que, a busca da santidade pressupõe acima de tudo, mais do que a busca da santidade, uma busca pela santificação e o aperfeiçoamento de um povo, uma nação, uma família e sobretudo de cada pessoa, cada um de nós, membros de um povo santo e pecador, mas em tudo amparados pela Torá e a Luz do Mundo que é o Eterno o nosso pastor. a Torá.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...