quarta-feira, 30 de março de 2016

Orar em Comunidade

Tanto quanto possível, uma das orações deve ser feita em comunidade, a comunidade fortalece-se com a presença dos crentes, e também os apoia espiritualmente na caminhada.
Caso não seja possível, então que cada um faça as suas orações em família ou a sós, mantendo o mesmo espírito de comunidade, orando por todos os irmãos.

Tefilá, O Trabalho da Alma

Há no judaísmo, três rezas diárias devido aos nossos patriarcas, mas também para que se substituam os sacrifícios do Templo.
A Reza (oração) é o trabalho da Alma,
No entanto, as três orações substituem os sacrifícios do Templo, mas se haviam só dois sacrifícios, porque um terceiro período de oração?
Simplesmente, porque os restos dos sacrifícios eram queimados à noite, daí a oração de Maariv / Arvit.

Ao contrário das orações da manhã e da tarde, a oração da noite, não tem um limite orário, podendo ser rezada por toda a noite se assim desejar o crente.

A Oração Nasce da Necessidade

A oração vem de acordo com as necessidades.
Contudo é importante que nas orações demos importância a agradecer, e agradecimento por tudo, tanto o que é bom, como o que é aparentemente mau.

Porquê? porque tudo concorre para o bem daquele que crê.

As três orações diárias

Existem no judaísmo três orações diárias, a Shacharit (oração da manhã, logo ao despertar) depois segue-se por volta do meio dia a Minchá (oração do meio dia) e por fim a Arvit ou Maariv, que é a oração ou reza noturna, que pode-se rezar desde o entardecer até antes de ir dormir.

Foi o nosso Patriarca Avraham, quem instituiu a oração de Shacharit, tal como podemos encontrar na Torá em Bereshit 22:3; por outro lado foi o seu filho
Itzaac, contribuiu para a instituição da oração do meio-dia, conforme está expresso em Bereshit 24:63; por fim Jacob também chamado de Israel, foi quem instituiu a oração de Arvit ou Maariv; Jacob encontrava-se só durante a noite, e temeu, pelo que orou ao Senhor, e o Senhor deu-lhe um sonho profético tal como consta em Bereshit 28:11.

A importância das orações é uma Mitzvá, que nos ordena rezar o Shmá  Israel duas vezes ao dia, quando nos levantamos e quando nos deitamos, e que devemos amar ao Eterno com todo o nosso coração, com toda a nossa alma e com todo o nosso entendimento, assim a oração expressa o cumprimento deste mandamento.


segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Recompensa e Castigo

Recompensa e castigo, nada mais é do que as consequências advindas do livre arbítrio que nós os seres humanos temos, e que nos foi dado pelo Eterno.

A Toráh, e toda a Tanach descrevem-nos as exortações do Eterno segundo a sua Lei, e dos profetas com os seus avisos do que deveria ser evitado, o que deveria ser feito, e quais as consequências da desobediência dos Seres Humanos, ou o que aconteceria a Israel, com a desobediência da lei, sendo que é uma nação destinada a ser Santa e a santificar toda a Humanidade pela preservação da Toráh e pela obediência dos ensinamentos nela contidos.

Falamos de livre arbítrio, algo que só cabe ao Ser Humano, a única criatura de D-us que dispõe desse atributo, elevando-o acima das restantes criaturas, ser livre e decidir é em parte o que nos assemelha a D-us, resta é saber o que decidir e com que finalidade nos propomos a fazer as opções tomadas.

Por outras palavras, sermos livres é uma realidade espiritual e uma limitação temporal, porque nenhum ato que optemos em fazer estará livre de consequências nefastas se for negativo, ou de bênçãos se for positivo.
No entanto em caso de optarmos por boas ações e atitudes, não esperemos dos homens reconhecimento algum, apenas do Eterno, e isto porque muitas vezes o que optamos em fazer é o assumir as responsabilidades que temos perante a família, a comunidade, o trabalho, entre outros fatores determinantes na nossa vida.

Posto isto por outras palavras, podemos afirmar que ao optarmos por agir bem, com justiça e com responsabilidade, assumindo o nosso papel e tentando encontrar o encorajamento na Toráh, estaremos na realidade a cumprir tudo aquilo a que estamos destinados perante o nosso próximo e perante o Eterno.

Ora D-us não nos vai bajular constantemente por algo bom que façamos, visto que é o que se espera de um crente e filho de D-us, e também não nos humilhará ou torturará se o não fizermos, mas tudo se desenvolve no mundo espiritual e conduz-nos nessa dimensão à plenitude do bem, ou à plenitude do mal, o inferno como popularmente é chamado, que nada mais é que o afastamento da Graça e das Bênçãos do Eterno sobre nós. Contudo  a visão judaica nada tem a ver com o conceito cristão no que concerne ao inferno eterno, a Tanach não é clara quanto a isso, pelo que devemos nos preocupar na nossa missão de tornar o mundo um lugar melhor e fazermos o bem.

Para ilustrar esta ideia, temos o seguinte texto no livro de Shemot (Êxodo), 20, 5-6 que nos diz que para além do aspecto individual, há os aspectos familiares e comunitários das recompensas e dos castigos ora vejamos o texto:
(5) “Não te prestarás diante deles (idolatria) nem os servirás (falsos deuses) pois Eu Sou o Eterno teu D-us, um D-us zeloso, que cobro a iniquidade dos pais nos filhos, sobre terceiras e sobre quartas gerações, aos que Me aborrecem, e (6) Faço misericórdia até duas mil gerações aos que Me amam e aos que guardas Meus mandamentos”.

Aqui não se deve ler como um mero castigo de inocentes por culpa dos pais culpados, isto quer somente dizer que nós recebemos influencias do ambiente em que vivemos e os repetimos, se forem bons serão benignos se forem maus, terão as consequências, é isto que diz o texto.

D-us não esconte que não deseja matar o pai pelo pecado dos filhos, nem os filhos por causa do pecado dos pais, tal como exposto em Devarim (Deuteronómio) 24, 16:
(16) “Não se fará morrer os pais, pelo testemunho dos filhos, nem os filhos pelo testemunho dos pais, cada homem morrerá pelo seu pecado”.

Um outro exemplo que gosto de ilustrar é o seguinte, o que acontece a uma pessoa que não come comida Kasher? Nada, ou seja comer kasher ou não comer kasher, não é salvífico, nem condenatório, mas comer Kasher é santificador se eu optar por o fazer e souber porque é que o devo fazer. Por outras palavras se eu comer Kasher, mas odiar o meu próximo e optar por atos contrários ao Bem e à Toráh, de nada vale comer Kasher. O que D-us espera de nós, é uma verdadeira e sincera adesão de coração e espírito e não meramente ritual.

Portanto o importante é o conceito que temos sobre Céu e inferno, o bem e o mal, a recompensa e o castigo, e por fim, uma luz ao fundo que antes mesmo de nos preocuparmos com tudo isso, façamos com o nosso livre arbítrio uma Teshuvá (arrependimento/retorno) da nossa alma, todos os dias a tentar ser uma pessoa melhor, para o próximo, para nós e para D-us.

Mordechai Shlomo

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

As Profecias Hoje

Atualmente o judaísmo já não vive a era profética, época essa que terá terminou com os últimos profetas que aparecem na Tanach, Profeta diz-se Navi (נָבִיא) Naviim no plural, e os últimos foram Hagai, Zacariáh e Malachi, e sucedeu-se uma época denominada era dos Tannaim ou era Mishnáica, que corresponde ao tempo dos Sábios rabbinicos e os seus ensinamentos da interpretação da Toráh sagrada e os ensinamentos talmúdicos.
Tanáh é uma palavra aramaica, cujo significado é “repetir”, ou seja é o método de estudo e ensino da Toráh Oral.
Quer isto dizer que com o fim da era Profética os Judeus não recebiam mais a mensagem divina através de Profetas, visto que toda a Tanach já se encontrava completa, e passou a receber a mensagem do Eterno pela interpretação da Toráh na tradição oral dos sábios e nos ensinamentos que deixaram escritos no Talmud.
Mas o que era fundamentalmente as profecias e do que elas falavam para o nosso povo? É certo que as profecias, grosso modo, exortavam o povo a cumprir os preceitos que o Eterno tinha entregue no Monte Sinai a Moshê, desviando-se do pecado, sendo certo que se tal procedimento não fosse acatado, todo o povo de Israel entraria em sofrimento e seria castigado.
E o castigo veio a acontecer diversas vezes, com a destruição do Primeiro Beit Hamikdash e o exílio da Babilónia e por fim com a destruição do Segundo Templo e a diáspora, tendo ressurgido milagrosamente em 1948 após o grande sofrimento da Shoah.
Nesse sentido todos os anos após o ano novo de Rosh HaShanah, o dia do Perdão de Yom Kippur e a festa das Cabanas de Sucot, surge o ano novo Toraídico, ou seja Simchat HaToráh, e reinicia-se mais uma vez a leitura da Toráh e das Aftarot, nelas o nosso ser conecta-se com o Eterno que nos fala nas profecias que o eterno nos revelou através dos profetas, e a cada novo ano temos sempre algo a aprender para a nossa vida, porque a Toráh tem mais de uma dimensão, para além da Espiritual e mística, há a histórica, a comunitária e por fim uma dimensão familiar e pessoal
Somos chamados assim a usufruir da graça que o Eterno nos dá, pela leitura das profecias e dos ensinamentos orientar as nossas atividades de acordo com os caminhos que HaShem nos indica e consolidando a continuação de Israel e do nosso povo.
Por vezes o Eterno também nos fala em sonhos, por vezes no Talmude, empre nos acontecimentos e neste conjunto podemos nos lembrar da importância que as Profecias têm para a nossa vida ainda hoje.

Mordechai Shlomo
- Estes textos não pretendem de forma alguma ser científicos, não visam ser um estudo histórico, cultural ou sociológico, são apenas textos apologéticos da teologia e fé judaica.

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