O significado desta palavra é Oferta, em Êxodo 25:2 o Eterno diz: “Fala
aos filhos de Israel que separem para mim uma oferenda, e assim, cada um dará de
acordo com o seu coração (...) e tomareis deles ouro, prata e bronze”; Nesta
primeira parte da leitura da Parashá, temos um grande ensinamento, o de que cada
um deverá contribuir para a edificação da comunidade, consoante o seu coração
sinta, e as suas posses permitam, por isso, uns darão ouro, outros darão prata e
outros ainda o bronze. Assim, para além dos metais, os tecidos, e para alem
destes, o trabalho e a dedicação de cada um na construção do “Tabernáculo”, que em hebraico diz-se 'miskan' מִשְׁכַּן, cujo significado é 'residência' ou 'habitação', tendo sido também denominado de a tenda da reunião ou do encontro.
A dádiva de cada um na construção da comunidade
Quando o Eterno diz a Moisés, para que seja feita uma dádiva, o que ocorre
aqui é na verdade uma retribuição, cada um dará de si, o que no fundo recebeu
por dom, do Eterno, assim, tudo o que temos em ultima análise é do Criador, não
nosso efetivamente, nada temos e nada levamos desta passagem efémera, mas antes,
o que importa é saber o que deveras fazemos com os dons que recebemos. E toda a
dádiva carrega em si mesma a simbologia do esforço e da superação, tanto de cada pessoa individualmente, como de cada família, tribo, comunidade e nação, dádiva essa que é a de participar na construção do todo, da coletividade ou da sociedade, mas precisamente neste caso, do Tabernáculo, o Templo amovível.
Todavia, o Eterno não faz efetivamente morada no Tabernáculo, não é o D-us de Israel que
precisa do templo, mas sim o povo que precisa de sentir a presença do Eterno. E
esta presença mística e espiritual, ocorre através da Shekináh, que quer dizer 'morada', que representa a presença espiritual do Eterno. Segundo Jairo Fridlim (Fridlin 2001,
pp 238) há uma profunda conexão do Miskán com a Shekináh, ambas as palavras têm
origem na raiz da palavra Shochén שׁוֹכֵן, que significa habitar, morar.
A Arca da Aliança e a santidade da Lei
O Eterno ordena a construção de uma arca onde seria depositada a Lei, a “Arca
da Aliança” Aron HáBerit אֲרוֹן הַבְּרִית, que seja feita de madeira, feita com madeira de acácia e forrada
a ouro, sendo colocada por cima da tampa da Arca da Aliança dois querubins, cujas
asas tocam-se, tendo ambos o rosto pueril a olhar para baixo, revelando assim, a santidade da Lei
contida no seu interior.
A Mesa da Propiciação, a comunhão com a comunidade
De seguida são dadas as instruções para se fazer a “Mesa dos pães da propiciação”
שֻׁלְחָן לָחַם הַפָּנִים Shulchán Léchem HaPanim, onde se colocavam 12 pães,
eram colocados de sábado a sábado, e elevados para que o povo visse que o
Eterno não come por ser espírito, assim, os Cohanim כֹּהֲנִים sacerdotes, comiam o pão que era
feito de trigo e de um modo especial que não se estragasse. Esta celebração
pode-se comparar a uma “Comunhão” comum união entre os comensais (os
sacerdotes) e o restante do povo os celebrantes da cerimónia, hoje presente no
Oneg Shabat שַׁבָּת עֹנֶג que significa, a alegria do Shabat, ou seja, a refeição da noite de Shabat com a bênção do pão e do vinho, que
simbolizam o alimento espiritual e físico do povo israelita.
O Candelabro, a Luz da presença do Eterno.
A terceira instrução é a da confeção do candelabro sagrado de sete braços, denominado de menorá מְנוֹרָה que se acende com azeite puro de oliva, a menorá representa a presença Divina a Shekiná שֶׁכִּנָּה palavra que significa “Que me chamou”, assim, mais que uma presença, trata-se de um chamamento, de uma vocação e uma missão de vida para cada um de nós, e para completar este raciocínio a palavra 'teshuvá' תְּשׁוּבָה, entendida como arrependimento, é na verdade sinónimo de 'resposta' ao chamamento do Eterno.
Interpretação da Parashá
Tal como o Eterno apareceu a Moshê no Monte Sinai, em meio à sarça ardente
e assim, Se revelou; nesta Parashá, o Eterno dá a instrução de como Se revelará
em meio aos símbolos do Candelabro sagrado, da Mesa da Propiciação, do Altar
dos incensos e da Arca da Aliança, e assim, o Eterno comunicar-se-á com os
hebreus, não significa isto, que D-us viva dentro desses objetos, mas pelo
contrário, que utiliza-os para poder facilitar aos fiéis, a compreensão e a distinção
do sagrado e do profano. Mas também, da importância capital do seu trabalho no aperfeiçoamento
espiritual, seja a nível individual, familiar, comunitário ou nacional.
Além disso, o Tabernáculo apresentava medidas exatas, dadas por HaShem a Moisés, de uma perfeita simetria, para cada parte, para cada objeto, no seu comprimento, na sua altura e na sua largura, bem como da sua disposição, tanto no interior como fora, no pátio, isto quer dizer que, há regras a cumprir, há medida por medida, numa equidistância perfeita que permita compreender o valor do ser e do dever ser de cada coisa. Por outras palavras, a santidade não se resume a palavras de ordem, mas a um trabalho persistente, objetivo e rigoroso, e nesse sentido, ao sair da escravidão do Egito, onde o trabalho escravo e a exploração retiravam o sentido da vida. No deserto em meio às dificuldades, a unidade de um povo com objetivos, com a aprendizagem da dádiva e da participação, fazem do trabalho um ato sagrado e positivo para a dignidade humana.
E para completar
a semelhança da Parashá, esta Haftará, fala-nos sobre a construção do Templo,
estando em paz com o Líbano, e tendo feito uma Aliança com Hiran, enviou trabalhadores
ao Líbano para preparar madeira e pedras para a casa do Eterno, isto no ano 480
após a saída do Egito.
E o Eterno diz a Salomão: “Quanto a esta casa que tu estás a edificar, se andares segundo os meus estatutos, se executares os meus juízos, e guardares todos os Meus mandamentos, cumprindo-os, firmarei contigo a minha palavra que prometi a David teu pai, habitarei entre os filhos de Israel e não abandonarei o Meu povo Israel.”
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