quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

19ª Parashá – Terumá - תְּרוּמָה

Oferenda
Parashá: Êxodo, 25:1-27:19
Haftaráh: I Reis, 5:26-6:13
Resumo da Parashá

O significado desta palavra é Oferta, em Êxodo 25:2 o Eterno diz: “Fala aos filhos de Israel que separem para mim uma oferenda, e assim, cada um dará de acordo com o seu coração (...) e tomareis deles ouro, prata e bronze”; Nesta primeira parte da leitura da Parashá, temos um grande ensinamento, o de que cada um deverá contribuir para a edificação da comunidade, consoante o seu coração sinta, e as suas posses permitam, por isso, uns darão ouro, outros darão prata e outros ainda o bronze. Assim, para além dos metais, os tecidos, e para alem destes, o trabalho e a dedicação de cada um na construção do “Tabernáculo”, que em hebraico diz-se 'miskan' מִשְׁכַּן, cujo significado é 'residência' ou 'habitação', tendo sido também denominado de a tenda da reunião ou do encontro.

A dádiva de cada um na construção da comunidade

Quando o Eterno diz a Moisés, para que seja feita uma dádiva, o que ocorre aqui é na verdade uma retribuição, cada um dará de si, o que no fundo recebeu por dom, do Eterno, assim, tudo o que temos em ultima análise é do Criador, não nosso efetivamente, nada temos e nada levamos desta passagem efémera, mas antes, o que importa é saber o que deveras fazemos com os dons que recebemos. E toda a dádiva carrega em si mesma a simbologia do esforço e da superação, tanto de cada pessoa individualmente, como de cada família, tribo, comunidade e nação, dádiva essa que é a de participar na construção do todo, da coletividade ou da sociedade, mas precisamente neste caso, do Tabernáculo, o Templo amovível.

Todavia, o Eterno não faz efetivamente morada no Tabernáculo, não é o D-us de Israel que precisa do templo, mas sim o povo que precisa de sentir a presença do Eterno. E esta presença mística e espiritual, ocorre através da Shekináh, que quer dizer 'morada', que representa a presença espiritual do Eterno. Segundo Jairo Fridlim (Fridlin 2001, pp 238) há uma profunda conexão do Miskán com a Shekináh, ambas as palavras têm origem na raiz da palavra Shochén שׁוֹכֵן, que significa habitar, morar.

A Arca da Aliança e a santidade da Lei

O Eterno ordena a construção de uma arca onde seria depositada a Lei, a “Arca da Aliança” Aron HáBerit אֲרוֹן הַבְּרִית, que seja feita de madeira, feita com madeira de acácia e forrada a ouro, sendo colocada por cima da tampa da Arca da Aliança dois querubins, cujas asas tocam-se, tendo ambos o rosto pueril a olhar para baixo, revelando assim, a santidade da Lei contida no seu interior.

A Mesa da  Propiciação, a comunhão com a comunidade

De seguida são dadas as instruções para se fazer a “Mesa dos pães da propiciação” שֻׁלְחָן לָחַם הַפָּנִים  Shulchán Léchem HaPanim, onde se colocavam 12 pães, eram colocados de sábado a sábado, e elevados para que o povo visse que o Eterno não come por ser espírito, assim, os Cohanim כֹּהֲנִים sacerdotes, comiam o pão que era feito de trigo e de um modo especial que não se estragasse. Esta celebração pode-se comparar a uma “Comunhão” comum união entre os comensais (os sacerdotes) e o restante do povo os celebrantes da cerimónia, hoje presente no Oneg Shabat שַׁבָּת עֹנֶג que significa, a alegria do Shabat, ou seja, a refeição da noite de Shabat  com a bênção do pão e do vinho, que simbolizam o alimento espiritual e físico do povo israelita.

O Candelabro, a Luz da presença do Eterno.

A terceira instrução é a da confeção do candelabro sagrado de sete braços, denominado de menorá מְנוֹרָה que se acende com azeite puro de oliva, a menorá representa a presença Divina a Shekiná שֶׁכִּנָּה palavra que significa “Que me chamou”, assim, mais que uma presença, trata-se de um chamamento, de uma vocação e uma missão de vida para cada um de nós, e para completar este raciocínio a palavra 'teshuvá' תְּשׁוּבָה, entendida como arrependimento, é na verdade sinónimo de 'resposta' ao chamamento do Eterno.

Interpretação da Parashá

Tal como o Eterno apareceu a Moshê no Monte Sinai, em meio à sarça ardente e assim, Se revelou; nesta Parashá, o Eterno dá a instrução de como Se revelará em meio aos símbolos do Candelabro sagrado, da Mesa da Propiciação, do Altar dos incensos e da Arca da Aliança, e assim, o Eterno comunicar-se-á com os hebreus, não significa isto, que D-us viva dentro desses objetos, mas pelo contrário, que utiliza-os para poder facilitar aos fiéis, a compreensão e a distinção do sagrado e do profano. Mas também, da importância capital do seu trabalho no aperfeiçoamento espiritual, seja a nível individual, familiar, comunitário ou nacional.

Além disso, o Tabernáculo apresentava medidas exatas, dadas por HaShem a Moisés, de uma perfeita simetria, para cada parte, para cada objeto, no seu comprimento, na sua altura e na sua largura, bem como da sua disposição, tanto no interior como fora, no pátio, isto quer dizer que, há regras a cumprir, há medida por medida, numa equidistância perfeita que permita compreender o valor do ser e do dever ser de cada coisa. Por outras palavras, a santidade não se resume a palavras de ordem, mas a um trabalho persistente, objetivo e rigoroso, e nesse sentido, ao sair da escravidão do Egito, onde o trabalho escravo e a exploração retiravam o sentido da vida. No deserto em meio às dificuldades, a unidade de um povo com objetivos, com a aprendizagem da dádiva e da participação, fazem do trabalho um ato sagrado e positivo para a dignidade humana.

HAFTARÁ: i REIS 5:26-6:13
VeHaShem Natán  E o Eterno deu

    A palavra inicial desta Haftará é semelhante ao da Parashá, “VeHaShem LeShlomo”, e o Eterno deu a Salomão a sabedoria que lhe havia prometido. Esta é uma frase que por si só corrobora toda a Parashá de Terumá, porque na Parashá, o Eterno pede uma dádiva, mas nesta passagem é o Eterno que dá a dádiva da sabedoria, tal como dá a dádiva do alimento, da vida, da saúde, do pão, da água, da vista e do vigor. Nada há há que esteja fora do Eterno, tudo provém D’Ele tudo se mantém pela Sua permissão.

E para completar a semelhança da  Parashá, esta  Haftará, fala-nos sobre a construção do Templo, estando em paz com o Líbano, e tendo feito uma Aliança com Hiran, enviou trabalhadores ao Líbano para preparar madeira e pedras para a casa do Eterno, isto no ano 480 após a saída do Egito.

E o Eterno diz a Salomão: “Quanto a esta casa que tu estás a edificar, se andares segundo os meus estatutos, se executares os meus juízos, e guardares todos os Meus mandamentos, cumprindo-os, firmarei contigo a minha palavra que prometi a David teu pai, habitarei entre os filhos de Israel e não abandonarei o Meu povo Israel.”

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