Yitrô יִתְרוֹ é o nome da quinta Parashá do livro de Shemot שְׁמוֹת, que é por sua vez o nome do
sogro de Moisés (Moshê Rabeinu). Esta 17ª porção, inicia com a seguinte frase:
"E ouviu Jetro, o sacerdote de Midian", ou seja, o livro não foca na
personagem de Jetro, mas sim no que ocorre a seguir com a outorga da Torá no
Monte Sinai, todavia, as parashiot têm por nome ou título a primeira palavra,
ou a palavra mais simbólica da primeira frase. Vamos ver por parte o resumo na
narrativa e a interpretação da simbologia profunda e muito emblemática desta
Parashá.
Jetro vem até Moisés após os relatos que ouviu.
Jetro após ouvir a boa nova de que os hebreus saíram do cativeiro
atravessando o Mar Vermelho que se abriu para os deixar passar para a
liberdade, onde depois foram engolidos todo o exército do Faraó que ao
persegui-los morreu afogado com todo o seu exército, e seguidamente, ao serem
atacados pelos soldados de Amalec, Israel venceu-os com bravura e a proteção do
Eterno.
E chegou Jetro a Moisés, trazendo consigo a sua filha Tsipora, esposa de
Moshê e os seus dois filhos Guershon e Eliézer, Moisés prostrou-se aos pés de
Jetro e beijou-o, (devido a ser grande a consideração para com os sogros e
sogras, segundo os ensinamentos judaicos), e o sogro de Moisés veio para o
abençoar e ao mesmo tempo celebrar com Moisés os grandes milagres que o Eterno
D-us realizou aos olhos de todas as nações, a libertação e a vitória do povo
hebreu. Seguidamente Moisés serve ele mesmo a refeição a Jetro e aos seus
convidados, incluindo os líderes de cada tribo de Israel.
Jetro aconselha Moisés e delegar juízes.
Seguidamente, Moisés sozinho, colocava-se a aconselhar o povo, de manhã à
tarde, de todos os casos que lhe eram trazidos, e Jetro ao ver a cena diante dos
seus olhos, aconselha Moisés a delegar juízes, de mil, de cem e de dez, para
que só os casos muito graves e importantes sejam julgados por Moisés de modo
que ele não se esgotasse com a árdua tarefa de fazer tudo sozinho. Indicou que
devem ser escolhidos os homens íntegros e de confiança, para auxiliá-lo, e
aliviar a carga de Moisés e do povo.
A outorga da Torá no Monte Sinai.
Três meses após a saída triunfal do Egito, os hebreus chegam e acamparam
diante do Monte Sinai, e o Eterno chama Moisés e diz-lhe: "Vistes que vos
tirei do Egito e eis que fi-los vir em asas de águias até mim, e se agora,
ouvires atentamente a minha voz e guardares a minha Aliança, sereis para mim um
tesouro entre as nações, porque toda a Terra é Minha, e farei de vós um povo de
sacerdotes, e uma nação santa". E continua a dizer a Moisés as instruções
sobre a outorga da Torá no Monde Sinais, D-us avisa que ninguém deve subir ao
monte a não ser Moshê Rabeinu, e que ninguém deve sequer tocar a mão no sopé do
monte.
Moisés sobre ao Monte Sinais em meio a uma nuvem de fumo e fogo pela
passagem do Eterno ao som do Shofar, os trovões e os relâmpagos, a voz do
Eterno em forma de som de estridente, toram este o momento fulcral do
nascimento do Judaísmo, o preciso momento da celebração da Aliança entre o
Eterno D-us de Israel e o povo hebreu. E o Eterno recita a Moisés cada um dos
dez mandamentos, os cinco primeiros mandamentos positivos e os cinco segundos
mandamentos negativos ou proibitivos.
Moisés recebe os Dez Mandamentos
E o povo tinha-se preparado para receber a Torá, aparecendo com roupas
lavadas, e em abstinência, colocando-se perto do sopé do monte, viu as nuvens
espessas, os raios, o fumo e o fogo a reluzir como sinal da Glória do Eterno no
cume do monte Sinai; e ouviu os trovões e o som do Shofar e o Eterno outorgou-lhes os dez mandamentos;
1 - Eu sou o Senhor Teu D-us que te tirou da escravidão na Terra do Egito, não
terás outros deuses diante de mim, 2 - não farás imagens de ídolos, nem de nada
que este acima, nos céus, ou embaixo na terra, ou nas águas debaixo da terra,
(...) 3 - Não usaras o nome de D-us em vão; 4 - Guardarás o sétimo dia o
Shabat, e não trabalharás nesse dia (...); 5 - Honra teu pai e tua mãe para que
sejam longos os teus dias na Terra; 6 - Não matarás; 7 - Não cometerás
adultério; 8 - Não furtarás; 9 - Não levantarás falso testemunho contra o teu
próximo; 10 - Não cobiçarás as coisas alheias, não desejarás nada que pertença
ao teu próximo.
Esta Parashá, ilustra em primeiro, o respeito pelos laços familiares, Jetro
trás sua filha e seus dois netos a Moisés, respetivamente sua esposa Tsipora e
seus filhos Guershon e Eliézer, que estavam em Midian, e Moisés prostra-se em
sinal de grande respeito e beija-o em sinal de agradecimento e lealdade, em
seguida, serve-lhe uma refeição festiva, com alegria, tal como Abraão serviu os
anjos, Moisés serve os seus convidados, estamos perante uma comunhão, e
comungar perante Moisés e homens santos era o mesmo que comungar perante o
Eterno.
Posteriormente, Jetro aconselha Moisés a delegar o seu trabalho de Juiz, a
outras pessoas de confiança e tementes a D-us para serem juízes de mil, de cem
e de dez, e isso revela-nos a humildade de Moisés em aceitar os conselhos de
seu sogro, e esse tem sido o processo que enriqueceu o conhecimento judaico ao
longo de milénios por todos os lugares da peregrinação dos judeus, na diáspora,
de todos os povos e de todas as nações, aprendemos e desenvolvemos com
humildade tudo o que era bom, valioso e importante, aprendendo com dedicação e
partilhando com humildade.
O ápice da Parashá é a outorga do decálogo ao povo judeu, é quando se firma a Aliança Sinaítica e a partir da qual se forma a lei mosaica, o Judaísmo não é portanto, uma religião de filosofia, pensamento ou retórica, mas uma religião de ação, o cumprimento da Lei como ação, a oração como relação com o transcendental, ficando a compreensão para ultimo plano; O povo apareceu com roupas lavadas e em abstinência de ralações conjugais, estava ciente do grau de santidade e da purificação que como um todo, um só povo como unidade, porque o Eterno os havida dito, farei de vós um povo santo, entre todos os povos, não por ser melhor, mas porque sendo iguais a qualquer povo, foram no entanto os únicos que aceitaram receber a Torá, livro que todavia, foi escrito para toda a humanidade, e ser entregue a toda a humanidade com a vinda do Mashiach.
Diz a Torá: “1 No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi também ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e a cauda do seu manto enchia o templo. 2 Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas; com duas cobriam os seus rostos, e com duas cobriam os seus pés, e com duas voavam; 3 E clamavam uns aos outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória. 4 E os umbrais das portas se moveram à voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça. 5 Então disse eu: Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios; os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos. 6 Porém um dos serafins voou para mim, trazendo na sua mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; 7 E com a brasa tocou a minha boca, e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniquidade foi tirada, e expiado o teu pecado..
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