quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

17ª Parashá - Yitrô - יִתְרוֹ‎



Jetro
Parashá: Êxodo, 18:1-20:26
Haftaráh: Isaías, 6:1-7:6 e 9:5-6
Resumo da Parashá

Yitrô יִתְרוֹ é o nome da quinta Parashá do livro de Shemot שְׁמוֹת, que é por sua vez o nome do sogro de Moisés (Moshê Rabeinu). Esta 17ª porção, inicia com a seguinte frase: "E ouviu Jetro, o sacerdote de Midian", ou seja, o livro não foca na personagem de Jetro, mas sim no que ocorre a seguir com a outorga da Torá no Monte Sinai, todavia, as parashiot têm por nome ou título a primeira palavra, ou a palavra mais simbólica da primeira frase. Vamos ver por parte o resumo na narrativa e a interpretação da simbologia profunda e muito emblemática desta Parashá.

Jetro vem até Moisés após os relatos que ouviu.

Jetro após ouvir a boa nova de que os hebreus saíram do cativeiro atravessando o Mar Vermelho que se abriu para os deixar passar para a liberdade, onde depois foram engolidos todo o exército do Faraó que ao persegui-los morreu afogado com todo o seu exército, e seguidamente, ao serem atacados pelos soldados de Amalec, Israel venceu-os com bravura e a proteção do Eterno.

E chegou Jetro a Moisés, trazendo consigo a sua filha Tsipora, esposa de Moshê e os seus dois filhos Guershon e Eliézer, Moisés prostrou-se aos pés de Jetro e beijou-o, (devido a ser grande a consideração para com os sogros e sogras, segundo os ensinamentos judaicos), e o sogro de Moisés veio para o abençoar e ao mesmo tempo celebrar com Moisés os grandes milagres que o Eterno D-us realizou aos olhos de todas as nações, a libertação e a vitória do povo hebreu. Seguidamente Moisés serve ele mesmo a refeição a Jetro e aos seus convidados, incluindo os líderes de cada tribo de Israel.

Jetro aconselha Moisés e delegar juízes.

Seguidamente, Moisés sozinho, colocava-se a aconselhar o povo, de manhã à tarde, de todos os casos que lhe eram trazidos, e Jetro ao ver a cena diante dos seus olhos, aconselha Moisés a delegar juízes, de mil, de cem e de dez, para que só os casos muito graves e importantes sejam julgados por Moisés de modo que ele não se esgotasse com a árdua tarefa de fazer tudo sozinho. Indicou que devem ser escolhidos os homens íntegros e de confiança, para auxiliá-lo, e aliviar a carga de Moisés e do povo.

A outorga da Torá no Monte Sinai.

Três meses após a saída triunfal do Egito, os hebreus chegam e acamparam diante do Monte Sinai, e o Eterno chama Moisés e diz-lhe: "Vistes que vos tirei do Egito e eis que fi-los vir em asas de águias até mim, e se agora, ouvires atentamente a minha voz e guardares a minha Aliança, sereis para mim um tesouro entre as nações, porque toda a Terra é Minha, e farei de vós um povo de sacerdotes, e uma nação santa". E continua a dizer a Moisés as instruções sobre a outorga da Torá no Monde Sinais, D-us avisa que ninguém deve subir ao monte a não ser Moshê Rabeinu, e que ninguém deve sequer tocar a mão no sopé do monte.

Moisés sobre ao Monte Sinais em meio a uma nuvem de fumo e fogo pela passagem do Eterno ao som do Shofar, os trovões e os relâmpagos, a voz do Eterno em forma de som de estridente, toram este o momento fulcral do nascimento do Judaísmo, o preciso momento da celebração da Aliança entre o Eterno D-us de Israel e o povo hebreu. E o Eterno recita a Moisés cada um dos dez mandamentos, os cinco primeiros mandamentos positivos e os cinco segundos mandamentos negativos ou proibitivos.

Moisés recebe os Dez Mandamentos

E o povo tinha-se preparado para receber a Torá, aparecendo com roupas lavadas, e em abstinência, colocando-se perto do sopé do monte, viu as nuvens espessas, os raios, o fumo e o fogo a reluzir como sinal da Glória do Eterno no cume do monte Sinai; e ouviu os trovões e o som do Shofar  e o Eterno outorgou-lhes os dez mandamentos; 1 - Eu sou o Senhor Teu D-us que te tirou da escravidão na Terra do Egito, não terás outros deuses diante de mim, 2 - não farás imagens de ídolos, nem de nada que este acima, nos céus, ou embaixo na terra, ou nas águas debaixo da terra, (...) 3 - Não usaras o nome de D-us em vão; 4 - Guardarás o sétimo dia o Shabat, e não trabalharás nesse dia (...); 5 - Honra teu pai e tua mãe para que sejam longos os teus dias na Terra; 6 - Não matarás; 7 - Não cometerás adultério; 8 - Não furtarás; 9 - Não levantarás falso testemunho contra o teu próximo; 10 - Não cobiçarás as coisas alheias, não desejarás nada que pertença ao teu próximo.  

Interpretação da Parashá

Esta Parashá, ilustra em primeiro, o respeito pelos laços familiares, Jetro trás sua filha e seus dois netos a Moisés, respetivamente sua esposa Tsipora e seus filhos Guershon e Eliézer, que estavam em Midian, e Moisés prostra-se em sinal de grande respeito e beija-o em sinal de agradecimento e lealdade, em seguida, serve-lhe uma refeição festiva, com alegria, tal como Abraão serviu os anjos, Moisés serve os seus convidados, estamos perante uma comunhão, e comungar perante Moisés e homens santos era o mesmo que comungar perante o Eterno.

Posteriormente, Jetro aconselha Moisés a delegar o seu trabalho de Juiz, a outras pessoas de confiança e tementes a D-us para serem juízes de mil, de cem e de dez, e isso revela-nos a humildade de Moisés em aceitar os conselhos de seu sogro, e esse tem sido o processo que enriqueceu o conhecimento judaico ao longo de milénios por todos os lugares da peregrinação dos judeus, na diáspora, de todos os povos e de todas as nações, aprendemos e desenvolvemos com humildade tudo o que era bom, valioso e importante, aprendendo com dedicação e partilhando com humildade.

O ápice da Parashá é a outorga do decálogo ao povo judeu, é quando se firma a Aliança Sinaítica e a partir da qual se forma a lei mosaica, o Judaísmo não é portanto, uma religião de filosofia, pensamento ou retórica, mas uma religião de ação, o cumprimento da Lei como ação, a oração como relação com o transcendental, ficando a compreensão para ultimo plano; O povo apareceu com roupas lavadas e em abstinência de ralações conjugais, estava ciente do grau de santidade e da purificação que como um todo, um só povo como unidade, porque o Eterno os havida dito, farei de vós um povo santo, entre todos os povos, não por ser melhor, mas porque sendo iguais a qualquer povo, foram no entanto os únicos que aceitaram receber a Torá, livro que todavia, foi escrito para toda a humanidade, e ser entregue a toda a humanidade com a vinda do Mashiach.

HAFTARÁ: ISAías 6:1-7:6 9:5-6
Bishinat Mot  / No Ano em Que Morreu

    Esta haftaráh corrobora a descrição simbólica sobre a Glória do Eterno, e começa pela descrição que relata o profeta Isaías, sobre o Ano em que morrera o Rei Osias, e tendo D-us aparecido ao profeta, mostrou-lhe a Sua imensa Glória. Do mesmo modo como aparecera o Eterno em Glória a Moshê e ao povo hebreu no Monte Sinai, aqui a beleza e a majestática Glória do Eterno são descritas com imensa simbologia, pois não há outra forma de descrever senão por comparação de tudo que é mais valioso e belo ao Ser Humano, e de tudo que com a máxima pureza possa server de exemplo para a Santidade perene de HaSehm.
 Diz a Torá: “1 No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi também ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e a cauda do seu manto enchia o templo. 2 Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas; com duas cobriam os seus rostos, e com duas cobriam os seus pés, e com duas voavam; 3 E clamavam uns aos outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória. 4 E os umbrais das portas se moveram à voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça. 5 Então disse eu: Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios; os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos. 6 Porém um dos serafins voou para mim, trazendo na sua mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; 7 E com a brasa tocou a minha boca, e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniquidade foi tirada, e expiado o teu pecado..

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