quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

16ª Parashá - Beshaláh - בְּשַׁלַּח



E Enviou
Parashá: Êxodo, 13:17-17:16
Haftaráh: Juízes, 4:4-5:31
Resumo da Parashá

Esta é uma Parashá complexa e repleta de lições e significados; é o relato da libertação de um povo, para além do sentido temporal e físico, mas também e fundamentalmente no sentido espiritual.

A frase inicial desta porção denomina-se “Enviou”, frase que no hebraico bíblico, tem o mesmo significado de "E deixou ir", os relatos iniciam-se com a fuga dos hebreus após a décima e última praga do Egito, e culminam com a vitória na batalha contra Amalec descendente de Esaú e que era Rei do povo Amalequita, que não temia ao Eterno.

E o Faraó deu ordem de deixa-los partir

Após a noite da derradeira praga da morte dos Primogénitos dos egípcios, que tanta dor gerou aos poderosos bem como aos servos, atingindo os primogénitos das pessoas e dos animais, o Faraó chama Moisés e ordena-lhe que envie os hebreus para fora do Egito, na verdade deixou-os partir, mas logo de seguida arrepende-se, devido à dureza do seu coração.

Os hebreus saíram à pressa, porque temiam que o Faraó mudasse de ideias, de modo que não houve tempo de fermentar o pão, saíram apressadamente do Egito, a fugir do Faraó e dos seus algozes. Mas Moisés não se esqueceu da promessa que fizeram a José, de levar os seus ossos, conta a tradição oral que está compilada no Talmude, que os restos mortais de José, estavam num sarcófago deitado ao mar pelos egípcios, aquando da sua morte para que fosse abençoado o rio Nilo, Moisés, dirigiu-se às margens e chamou em voz alta: "José, José, chegou a hora da libertação, mostra-me onde estás, para que não nos atrases na partida do Egito", e o sarcófago de José emergiu e foi recolhido.

A frase enigmática da Parashá é a de que, o Eterno não quis que os hebreus seguissem diretamente no sentido do Norte que era o caminho mais rápido e mais perto para chegar à Terra Santa, mas diz, "Não guiou o povo pelo caminho da Terra dos Filisteus, porque era demasiado perto", mas a proximidade que o Eterno indica é a proximidade de tempo, ou seja, era cedo demais. Fê-los, pois, que seguissem pelo caminho do Mar de Juncos יַם-סוּף Yiam Suf, para que não vendo os seus inimigos não esmorecessem e voltassem atrás, mas antes seguissem em diante, para o deserto, onde seria feita uma quarentena de anos, para a purificação espiritual, onde tudo o que fosse escravidão, e espírito egípcio seria eliminado, criando um novo povo sobre uma nova Lei a Torá.

15 de Nissan o dia da libertação dos hebreus.

Os hebreus saíram do Egito no dia 15 de Nissan, que passou a ser um dia memorial, a Pessach (passagem) e que abre no calendário judaico o Ano Religioso, a travessia do Mar Vermelho e a entrada num novo espaço, ainda que distante é símbolo do esforço pelo amadurecimento e crescimento espiritual de um povo, assim ser-se-á verdadeiramente livre. Mas também é enfatizada a derrota dos Egípcios e do Faraó, que ao perseguirem os judeus, morrem afogados no mar, quando a divisão das águas cessa. O que é um sinal, que o mal não prevalece nunca e que a Justiça de D-us é perene.

No deserto sentiram fome e sede, e o Eterno enviou-lhes o Maná, dava-lhes uma quantidade exata para um dia, e na sexta-feira caia em dobro, para o shabat, onde não sairiam para recolher, porque não existiria maná nesse dia santo. Este foi um milagre que o Eterno cumpriu durante quarenta anos, o tempo da estadia dos judeus no deserto após a saída do Egito.

Interpretação da Parashá

A  Parashá Beshalách é repleta de significados, não apenas como relatos históricos para a história dos hebreus e dos israelitas, mas para cada um de nós, na vida pessoal do dia-a-dia perante os problemas surgidos e os obstáculos que se nos impõe.

Relata o processo de libertação, que passa primeiramente, por decidir-se a ser livre, mas para tal, é necessária uma grande dose de desapego, determinação e sobretudo fé. Fora isso, o processo de libertação é algo árduo e sofrido, seja para um povo, ou mesmo para uma pessoa, sair do cativeiro, seja ele físico, psicológico ou emocional, é doloroso, mas é a certeza do que se quer que nos dá a coragem e a determinação para empreendermos na conquista desse objetivo.

Do mesmo modo que os judeus se guiaram por D-us através de Moisés (Moshê Rabeinu) cada um de nós, guia-se por seus pais, pessoas amigas com experiência, e não raras vezes, muitos buscaram na Torá o conselho espiritual necessário para o seu processo pessoal de libertação.

A escravidão é uma situação de total abandono e subjugação à mercê de terceiros que nos exploram, hoje no mundo moderno, há novas formas de escravidão, das quais precisamos nos libertar, seja das dívidas, sejam dos vícios, seja de situações deploráveis que nos desagradam, enfim, o que se deseja é a liberdade plena e isso só é possível, tendo em primeiro um espírito liberto de erros e focado em D-us, na Torá e mantido na oração.

HAFTARÁ: juízes 5:1-31
VeTashar Devoráh / E cantou Débora

    Esta Haftaráh relata a vitória militar dos israelitas contra os seus inimigos, no tempo da juíza e profetisa Débora (Dvoráh, que significa abelha) e do guerreiro comandante Barak (que significa relâmpago), juntaram-se para derrotar os cananitas no monte Tabor, tendo destroçado todo o exército do Rei Sizráh, e assim, uma vez mais, os israelitas comemoram a libertação face aos seus inimigos, desta vez os reis de Canaã, e Débora e Barak entoam um hino ao Eterno glorificando o nome do Senhor pelas suas lutas a favor de Israel, pela Sua Fidelidade: “Os montes transpiram na presença do Eterno, como este monte Sinai, diante do Eterno, o D-us de Israel”.

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